09 janeiro 2008

O anjo

Depois de olhar prolongadamente para os olhos do anjo,
nada lá encontrei senão o que eu próprio lá deixei.

De cada vez que me penso sou eu que me vejo assim,
pelos olhos do anjo como se fossem os meus, em mim.
De cada vez que te vejo já não sei se é mesmo a ti que estou a ver.
Vejo-te a ti mas sinto-me a mim e repenso-te como me apetecer.
Não existes, digo a mim mesmo, não passas de uma ilusão...
Mas basta olhar para os olhos do anjo para me convencer que não.

"Sabes como me chamo?" Sei,
chamas-te qualquer nome que eu te queira dar
e mesmo sabendo que deste sono não se desperta
repito a mim mesmo que tenho de continuar a tentar,
escapar.





"...e tu o que é que achaste?"
pergunta-lhe ele no final do concerto visivelmente enternecido.
"Achei que foi demasiado melodramático, pelo menos para o meu gosto."
respondeu-lhe ela com um encolher de ombros e um franzir de testa...

1 comentário:

StormInTheMorningLight disse...

Há muito tempo que não passava por aqui, da última vez que o fiz apercebi-me que continuavam os mesmos três textos bem escritos, organizados, pensados e de leitura apetecível, de há mais ou menos uma ano atrás!! E hoje, cá estão eles, os mesmos três sem companhia!
Certamente que inspiração não te falta, nem mesmo talento, por isso, já escrevias qualquer coisa!!! :p

Beijinho Pedro**

Ana